̶ Já fazem muitos anos desde a última visita Mestre Vutt, ao que se deve sua nobre presença em nosso templo? Diz gentilmente a humana com cabelos ruivos presos por uma longa trança e roupas em couro reforçado.
Ainda de pé, olhando pelos vidros de cores azuladas o ambiente sereno em Selath, o Mestre Ithoriano, vira-se calmamente enquanto responde:
̶ Também é um prazer reencontrá-la Mestra Fenn, a propósito, é incrível como conseguiram replicar nosso chá de Ithor!
̶ O prazer é sempre nosso Mestre Jedi, mas ainda estou curiosa, como posso ser útil? Indaga novamente, sem esconder a curiosidade.
̶ Sente-se Mestra, vou lhe contar.
̶ A cerca de 70 anos atrás eu senti um distúrbio na força, ele foi sutil, mas forte o suficiente para que eu o percebesse. Durante uma noite de festividades pela Mãe Selva nos pastoreios em Ithor, lembro-me como se fosse hoje, era a mesma bebida, o líquido roxo tremeu como se houvesse um terremoto sob a xícara, mas ao olhar em volta, tudo era calmo, como somente um ithoriano pode realizar. Conta o Sábio Ithoriano, enquanto degusta sua bebida quente.
̶ Apesar de minha busca incessante para descobrir o motivo do abalo na Força, eu perdi o rastro como uma mariposa se perde quando a vela é apagada. Foram muitas estações, procurando esse abalo, mas ainda sem respostas.
Mas, somente 35 anos depois que pude perceber a vela havia reascendido e eu como a mariposa que busca pelo rastro de luz, voltei a segui-la.
̶ Minhas pistas levavam para o coração da Mãe Selva, e cada noite em meio as gigantescas florestas de meu planeta natal, a Força me mostrava que eu estava cada vez mais perto da luz que eu perseguira.
Haviam muitos rastros de animais abatidos, árvores rachadas, mas como poderia isso ser verdade? Eu demorei mais de 150 anos para dominar os princípios básicos do Mover! Enfatiza o Jedi Surpreendido, ele coloca o copo vazio sobre a mesa de madeira e senta na cadeira ao lado da Mestra da Forja, cruza os pés e continua sua história.
̶ Os rastros me levaram a uma caverna úmida e escura, restos de animais decoravam o lugar, desenhos utilizando carvão e folhas com cores exuberantes estavam espalhados por todo o espaço e no final dela um pequeno ser de pele branca como as nuvens dormia calmamente, como se nenhum perigo pudesse alcança-lo, e na hora, eu sabia o que era.
Fenn cruza as pernas como sinal de interesse nas palavras do Jedi. Uma garoa se tem início, durante a narrativa e com isso alguns membros da ordem buscam por abrigo na mesma sala, o que antes parecia um diálogo, rapidamente se torna uma roda de conversa, onde o Ithoriano Jedi conta e todos ouvem atenta e silenciosamente a narrativa.
̶ Fiquei algumas horas sentado aguardando que o mesmo despertasse, em todos esses anos eu nunca havia visto um ithoriano albino, mas eu me lembrei de uma canção dos anciões que dizia: “Quando a Mãe Selva, chorar em demasia, um de seus filhos nascerá branco como as nuvens e quando isso acontecer, ele deve ser o escolhido para protege-la”. Ele se levanta e caminha dentro da sala, os aprendizes, bem como a Mestre em Artes Marciais acompanham com os olhos cada movimento. É claro que poderiam ser apenas histórias das Aias, não há perigo dentro do Sistema de Ortega a anos, sendo assim não há motivos para que nossa Mãe Selva chore, ele afirma.
̶ Depois de algumas horas, ele finalmente acorda, apesar de pouco contato com o pastoreio ele sabia pronunciar corretamente cada palavra em nossa língua, ele vestia pele improvisadas de animais que supostamente abateu, eu procuro por armas, ou qualquer ferramenta que o tenha ajudado, pois ele parece ter ficado isolado por muito tempo de qualquer envolvimento social, mas não havia. Ele possuía alguns músculos das pernas atrofiados, assim como seus movimentos parecem ser prejudicados, procuro por ferimentos, mas não havia, com isso eu suponho que sua condição congênita por ter trazido tais danos ao seu corpo.
O Mestre Ithoriano abre uma das portas, parte da garoa entra, molhando alguns na sala, mas não o ithoriano, era como se cada uma das gotas o evitasse, surpresos os alunos cochicham por perceber sua disciplina sobre a Força.
̶ Durante alguns dias, tive que conquistar sua confiança, assim como acompanhar seu cotidiano, sua ligação a Força Viva, era extremamente forte, os animais o evitavam, a chuva não inundava seu refúgio, bem como animais feridos caminhavam até as proximidades da caverna para morrer para que o mesmo pudesse se alimentar. Era incrível ver como a própria Mãe Selva se comportava, e ali eu sabia que a Força era poderosa em seu interior. Ele se quer tinha um nome. Depois de uma semana, o convenci a ir até minha nave e o levar até o pastoreio mais próximo. O Sábio Jedi caminha para o pátio sobre a forte garoa, curioso todos dentro da sala, o acompanham para continuar ouvindo a narrativa.
̶ Uma vez no pastoreio de Izurahb, eu o levei até uma Casa de Cura, para que ele passasse por testes, em horas, minhas suposições foram confirmadas, seu defeito congênito havia causado diversos danos em sua musculatura e estrutura óssea, o deixando mais sensível. Com isso eu decidi prepara-lo, o levei para uma parte isolada do pastoreio onde o ensinei a ler, refinei sua escrita, o vi amadurecer, percebi como ele conseguia seguir cada uma das orientações nos treinamentos, demonstrando uma incrível disciplina. Apesar de todo o talento da Força, meu Jovem Aprendiz era apenas um ithoriano, Halli Vutt senta em posição lótus em meio a garoa, cada um dos aprendizes o imita.
̶ Seus esforços em treinos físicos sempre foram decepcionantes, não conseguia executar nenhuma das tarefas mais simples, como saltar, ou uma simples acrobacia, isso o foi envergonhando, e mesmo eu dizendo que sua falta de habilidade física, pode ser superada, como nosso sol está fazendo agora, lutando para combater as nuvens pesadas. Subitamente as nuvens começam a se afastar entrando raios solares para o pátio preenchido de alunos e dois Mestres. Eu percebi ciúme, quem sabe inveja, todos aqueles twi’leks crianças fazendo piruetas e brincando de corda.... eu posso jurar que o vi chorando uma vez.
̶ Uma das coisas que mais me chamaram a atenção desde o início foram suas habilidades pragmáticas, que nem mesmo ele reconhece seu potencial da Força como um todo, eu já vi isso algumas vezes, mas os indivíduos que o possuem nem sempre reconhecem prontamente suas associações espirituais.
Alguns veem seus poderes e talentos como ferramentas que podem ser usadas para melhorar suas vidas ou alcançar seus objetivos. Isso pode ajudá-los a ter mais sucesso em suas escolhas durante a vida, permitindo que eles transformem o mundo de uma maneira que se encaixe em suas filosofias pessoais.
Mas depois de tê-lo batizado como Oog Wei, ele se mostrou feliz, sua bondade podia ser sentida por muitos e apesar de seu corpo ser frágil, a Força, o encheu de resiliência que surpreendeu a muitos indivíduos em Ithor. Mas devo dizer Fenn, tais indivíduos não são mais ou menos propensos a fazer escolhas ou executar ações que podem ser classificadas como “boas” do que aquelas que poderiam ser classificadas como “más”. Contudo, em sua opinião, sua preferência por uma determinada escolha moral é independente dos poderes que eles exercem.
Isso pode ser problemático no futuro se o indivíduo acreditar que sua ira é justa, isso pode ser um motivador razoável para suas ações. Assim, ele pode constantemente flertar com o lado sombrio da Força e nunca perceber. E esse é um dos motivos pelo qual estou aqui minha amiga. Oog Wei precisa de um treinamento, precisa aprender ou negar filosofias e histórias da Força que podem seduzi-lo. Ele vai aprender cada vez mais sobre a Força e seus caminhos, ele irá adotar conhecimentos ou negá-los se achar que isso não vai ajuda-lo, aqui ele aprenderá a Verdade.
Ele se levanta no meio de um círculo seco a sua volta, os aprendizes todos molhados, assim como a Mestra dentre outras pessoas que ali chegaram. Ele aponta com um de seus dedos e diz:
̶ Veja, aquele é Oog Wei, cuide bem dele, voamos de longe até aqui!