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  1. Characters

Dex Sol

Aprendiz da Ordem da Verdade
Personagem FaD - Era de Bogan

Dex Sol não se lembra de seus pais. Não sabe onde nasceu e nem como foi parar em Nox. Fato é que suas primeiras memórias são já no planeta industrial em meio a sua família, um grupo de outras crianças órfãs. Ele se lembra claramente de como os meninos mais velhos cuidavam dele e dos outros menores. Se lembra de como eles fugiam de outros grupos locais, de como eles procuravam algum lugar seguro para esconder mais de 20 crianças, de como eles reviravam os lixos procurando o que comer ou algo para vender.

Aos poucos ele foi crescendo e começou a assumir funções diferentes. Não demorou muito pra ele se tornar indispensável, consertando o que fosse necessário ou tomando decisões quando os mais velhos não estavam presentes. Falando nos mais velhos, foi com 10 ou 11 anos que começou a sair como eles. Grupos menores conseguiam se esgueirar por espaços menores e fugir melhor quando necessário. Enfrentando mais perigos, os meninos mais velhos se tornavam coletores solo, procurando qualquer forma de recurso para a família. Alguns roubavam, outros trabalhavam. Dex logo achou um modo de usar melhor seus dons.

O garoto sempre foi entusiasmado e inconsequente. Passava os dias se esgueirando em fábricas e roubando peças direto das máquinas em funcionamento, arriscando sua vida escalando colossos metálicos e se enfiando em maquinários em atividade. Mas ele era dotado de coragem, curiosidade e uma capacidade física ímpar. Sem hesitações, subia em qualquer lugar, pulava por qualquer obstáculo. Nada estava fora do seu alcance, sejam escombros ou fábricas funcionais. Seu raciocínio rápido era auxiliado pela mente sempre atenta, seu corpo cada vez mais respondia exatamente como ele queria. Nas horas de maior necessidade, até mais do que deveria. Em arroubos de concentração ou susto, ele se sentia muito mais leve e o garoto se via capaz de qualquer acrobacia que sua mente pudesse inventar. Mesmo jovem, ele logo se tornou o coletor mais proeminente do grupo. E ele só foi melhorando mais e mais. Aos poucos, ele foi aprendendo a sentir o ambiente à sua volta, a movimentação das máquinas, os buracos onde seus pés e mãos poderiam encaixar. sua intuição estava cada vez melhor, ele quase sempre escolhia o caminho correto, quase sempre achava algo quando estava procurando. Estranhamente, às vezes ele sentia como se não fosse sua mão que encontrava o objeto de sua procura, mas o contrário.

Foi nessa época que o estilo nômade da família os levou a uma área de Nox controlada por um Toydariano escravagista, Rodar Pmoc, ou Moc, como era mais conhecido informalmente, fora escravo em Nox por muitos anos, ninguém sabe dizer sua origem antes disso. Tudo que se sabe dele é que libertou-se das mordaças com sua própria força e tomou todas as operações de seus antigos donos. Moc não cansava de repetir que os escravos só tinham sua própria fraqueza a condenar, que é destino dos mais fortes subjugar os mais fracos. E o Toydariano era tremendamente esperto, como se espera de sua raça. Mas ele tinha o dom da negociata. Em suas mãos, os negócios de seus antigos donos prosperavam como nunca. Moc promoveu muitas reformas, a mais significante foi no método de captação dos produtos. Ele espalhava batedores para procurar e observar candidatos. Só depois de se mostrarem promissores, os candidatos seriam alvo da equipe de captação.

Foi um dia como qualquer outro que um Corvo, como eles mesmos se chamam, se assustou com Dex. O menino se movia como nada que o Corvo havia visto. Ele era treinado para aquilo por anos, mas um adolescente o fazia comer poeira. Demorou quase uma semana rondando a área de coleta de Dex para que o Corvo conseguisse finalmente segui-lo a seu esconderijo. Mais alguns dias depois, Moc já havia se aproximado do garoto com alguns de seus homens. A conversa foi bem simples, Dex conseguiria fugir quando quisesse, o Toydarian sabia bem das suas capacidades, mas o mesmo não poderia ser dito de sua família. Dex trabalharia exclusivamente para ele, seja adquirindo algo de seu desejo ou ficando de olho em algumas pessoas, o que quer que Moc queira.
E foi assim por mais ou menos dois anos. Dex trabalhou por sua família. O trabalho pagava bem, dava pra sustentar a todos com alguma dificuldade, mas tirava a necessidade de coletores se arriscarem. Durante um bom tempo, o grupo não teve baixas. Moc tomou o cuidado de ir aumentando a dificuldade de seus trabalhos gradativamente, como se preparasse o garoto. Quando ele ficou finalmente satisfeito com o desempenho e desenvolvimento físico de Dex, o plano final foi posto em prática.

Foi um dia tranquilo como poucos para Dex, feliz em conseguir cumprir seu objetivo e escapar do castigo físico que vinha com a falha, ele voltava para casa. Fazia um tempo que não cometia erros, a pele de suas costas já cicatrizaram naturalmente, o que o deixava orgulhoso. Ao chegar no galpão abandonado que os meninos se apossaram há tanto tempo atrás, Dex o encontrou, pela primeira vez, vazio. Alguns minutos de procura não deram nem pistas de onde seus companheiros estavam, o lugar estava limpo. Não deu muito tempo depois, entraram os Cães, o grupo de captação de Rodar. dex conhecia bem o chefe deles, que se aproximou mais. Um forte Twi'lek ex escravo chamado Isohvodi, de cicatrizes bem características na face e seu tentáculo esquerdo cortado no meio. Foi de sua boca que Dex ouviu o destino de sua família. Todos os meninos mais velhos fisicamente capazes e as meninas foram capturados para venda. Os meninos mais novos ou aqueles sem um preço de mercado que valha sua alimentação, executados e removidos. E Dex já estava vendido há mais de um ano. Era um produto de qualidade, seu comprador pagou muito caro pela promessa de que ele fosse treinado da maneira certa.

Foi nesse momento que veio a explosão, junto com o maior grito que sua garganta conseguiu soltar. Por dentro, a raiva se transforma em tristeza e a tristeza, em ansiedade. Um verdadeiro furacão de emoções que Dex não conseguia distinguir que durou poucos minutos que pareceram horas. Enquanto o grito se transformava em lamento, as emoções diversas foram se acalmando e se unificando em tristeza. Dex se acalmou o suficiente para levantar a cabeça. Os céus, antes claros do fim da tarde, jaziam enegrecidos por nuvens de aparência pouco naturais. No seu campo de visão, os Cães apareciam quase todos desacordados no chão, afastados como se jogados à parede. Escombros menores voando pelo ar em movimentos circulares em torno do garoto. O único consciente, Isohvodi, se encontrava sentado e encolhido enquanto o olhava assustado. Pequenas pedras batiam em seu corpo e rosto rígidos, Dex não via nele nenhuma reação de se proteger. Se encararam por pouco mais de uns segundos, quando um trovão cortou o ar. Como se acordasse de um transe e sem pensar duas vezes, o garoto correu. Correu sem olhar para trás, mesmo que ninguém seguisse seus passos. Correu sem olhar pra onde ia, mesmo sem conseguir ver direito por suas lágrimas atrapalharem.

Dex não sabia quanto tempo tinha se passado, ele estava jogado em um canto de uma rua muito movimentada de algum centro comercial que ele não reconhecia. Não comia desde o incidente. Mal tinha forças para olhar para cima quando aquele homem vestido de um jeito tão esquisito e com uma espada na cintura o chamou, estendendo a mão…

Se passaram alguns meses depois de Dex ser resgatado de Nox pelos monges. Eles lhe explicaram sobre a Ordem da Verdade, sobre como eles traziam os sensitivos que achavam para Sellath e os ensinavam os caminhos da Força. Mas eles chegaram tarde demais, sua família se fora e levara junto todo o entusiasmo de Dex pela vida. Pela primeira vez, o garoto se encontrava sem ação, sem motivação. Seguindo o fluxo social, Dex entrou para a academia. Foram alguns meses de total falta de interesse nos ensinamentos e na vida até começar a aprender meditação.

A prática da meditação tinha o objetivo de se conhecer, olhar para dentro de si e para suas emoções. O autoconhecimento liberta o sensitivo das amarras e o coloca em contato direto com a Força. A paz e harmonia trazidas pela meditação são extremamente importantes para equilibrar o caos das emoções e pressões exteriores.

Foi tentando meditar que Dex Sol olhou para dentro de si pela primeira vez. O mar revolto de emoções negativas diversas se apresentava para ele. Outrora seladas pela indisposição, apatia e desapego pela vida, essas emoções eram uma pressão grande demais para o garoto. Devido a isso, ele nunca conseguiu meditar por mais de poucos minutos seguidos. Dex olhava para si e não gostava do que via.

Os tempos dedicados à meditação na academia eram longos e ele era o único que não conseguia entrar no transe. Foi então que ele começou a pensar. Pensar no que havia acontecido e no que ele via dentro de si. Pensar na sua vida atual, no seu estado deplorável mesmo frente a uma nova oportunidade e no que seus irmãos diriam sobre isso. Dex sabia que estava confuso, ele precisava se acalmar para continuar a viver. Para isso, ele precisava de um foco, um objetivo. Foi assim que ele chegou a conclusão do culpado de tudo o que viveu: ele mesmo. Se ele fosse mais forte, não precisaria ter vivido se escondendo. Se ele fosse mais forte, não teria sido usado e subjugado como foi. Se ele fosse mais forte, todos os seus irmãos estariam vivos e felizes, vivendo sem preocupação nenhuma em Kaleth, esperando sua visita. Dex Sol e sua própria fraqueza que o levaram àquela situação.

Encontrando o problema, Dex encontrou a solução. Se ele era fraco, precisava se tornar forte. Forte o suficiente para proteger aqueles que ama. Forte o suficiente para não depender de ninguém. Forte o suficiente para nunca mais receber ordens daqueles que o descartariam sem pensar duas vezes. Seguindo esse raciocínio, aos poucos, Dex pôde sentir seus olhos queimando cada vez mais. As mesmas emoções que o derrubaram agora o punham de pé.
Nas meditações posteriores à sua revelação, Dex pôde notar a tempestade de emoções dentro de si se acalmando. Não o suficiente para uma meditação tranquila e um vislumbre da força, mas o suficiente para saber que estava no caminho certo. Se ele queria poder, estava no melhor lugar para isso. A academia o treinaria para ser um mestre da Ordem, uma figura imponente e poderosa na Força. Com seu antigo entusiasmo reacendido pela recém encontrada motivação, restava a ele absorver todos os ensinamentos disponíveis. Ainda passaria alguns anos na academia, então iria aproveitar ao máximo que pudesse.

Em um final de manhã nublado de um dia preguiçoso, Dex Sol levanta de sua cama. O jovem adulto respira fundo tentando se acalmar. A ansiedade estaria visível para qualquer um que passasse pela janela de seu quarto. Também pudera, ele esperou muito por aquele momento. Era naquele dia que seu mestre, Xin D’Aoh, lhe daria os primeiros comandos para o Julgamento do Aprendiz. Dex finalmente passaria pelo Rito do Conhecimento pelo Fogo e construiria sua própria Agevur. Mas está atrasado. A ansiedade o fez demorar demais para dormir na noite anterior, acabou acordando muito tarde. É melhor correr, Mestre Xin não é conhecido por sua paciência...